“Mulher não sabe nada de dinheiro”, “mulher gasta mais do que devia”, “dinheiro não é assunto de mulher”. Quantas vezes essas frases machistas já foram reproduzidas quando pensamos na relação da mulher com a sua vida financeira? Diversas vezes.
Até pouco tempo atrás, há pouco mais de 50 anos, era extremamente comum essas frases serem ouvidas por mulheres, afinal, a participação do público feminino no mercado de trabalho somente foi validada depois da década de 70.
Foi também nesta década que, as mulheres foram proibidas de ter um cartão de crédito. Durante esse período, os bancos negavam cartão e abertura de contas para mulheres divorciadas ou solteiras, em algumas ocasiões, elas eram obrigadas a levar o homem para assinar o contrato em seu nome.
Outra limitação absurda era que, as mulheres casadas só podiam exercer trabalho remunerado caso fossem autorizadas pelo marido, essa limitação foi estipulada em 1916, pelo código civil que surgiu para substituir a legislação portuguesa. Por outro lado, ela foi extinta somente no ano de 1962.
Foi a partir desses fatos em nossa história que houve o surgimento de um grande tabu e muitos traumas da mulher em relação a sua vida financeira. A falta de conhecimento acabou por gerar muita insegurança e desconfiança ao dinheiro.
Recentemente, o número de mulheres na bolsa de valores bateu a marca histórica de um milhão de investidoras, onde a maioria se encontra na faixa etária entre os 26 a 35 anos. Isso é um marco importante, mas como iremos ver, não foi sempre assim.
A influência de nosso modelo de sociedade.
Quando a mulher foi finalmente inserida no mercado de trabalho, ela por muitas vezes, precisava cumprir mais de uma jornada.
Isso acaba sendo um ponto importante para entendermos a relação da mulher com o dinheiro.
Se por um lado temos uma mulher extremamente sobrecarregada, com jornadas exaustivas de trabalho, onde era necessário conciliar o emprego, o cuidado com filhos e os afazeres da casa, a sua vida financeira acaba não sendo algo prioritário. Por outro lado, temos os homens, que foram naturalmente colocados como “fontes geradoras de renda” e sempre desempenharam o papel de “cuidar do dinheiro” dentro do núcleo familiar. Como consequência deste modelo de sociedade construído, a mulher foi naturalmente deixando de ter interesse por assuntos financeiros.
E como é possível mudar isso?
Na verdade, está mudança já está ocorrendo. A medida que as mulheres começaram a se educar financeiramente, elas foram ganhando mais segurança para tratar e cuidar de seu dinheiro.
Os modelos de sociedade também são outros, apesar deste citado acima ainda ser o predominante, hoje, conseguimos enxergar inúmeras categorias de núcleos familiares. Isso reflete também na forma da figura feminina em lidar com as suas finanças.
Nos dias atuais, a mulher enxerga o dinheiro como uma forma de liberdade, a visão que ela passa a ter de seus rendimentos é outra, ela se vê como uma administradora. O controle financeiro é um passo capaz de abrir muitas portas na vida das mulheres e, apesar de tantos avanços, ainda existe uma longa caminhada pela frente.
Falar sobre dinheiro é mais que informação, é uma necessidade.
Para que esses tabus e traumas sejam cada vez mais derrotados, é necessário a troca de informações entre as mulheres, somente dessa forma é que tornamos possível o aprendizado.
Naturalizar esse assunto é algo essencial, é importante que haja transparência quando se trata deste tema, é imprescindível que esse debate seja abordado cada vez mais entre as mulheres. Dessa forma, será possível enxergar de maneira mais clara que o dinheiro é uma ferramenta de empoderamento e de realização de sonhos.